O Rappa lança novo disco de estúdio após hiato de cinco anos...

Foram necessários cinco anos para que O Rappa concebesse um novo disco de estúdio, 7 Vezes - já nas lojas. Parece tempo demais, mas nessa meia década que separa O Silêncio Que Precede o Esporro (2003) do meticuloso 7 Vezes muita água rolou: um Acústico MTV (2005), uma turnê de três anos, histórias de superação, pesquisas e experimentações sonoras.

"Demora à beça para fazer um disco, para o negócio ficar bom", explica o baterista Lobato.
As gravações de 7 Vezes - cujo single Monstro Invisível já faz barulho nas rádios, na web e nos telefones celulares - começaram em agosto de 2007 e exigiram nove meses de dedicação de O Rappa.

Auxiliada pelos produtores Ricardo Vidal e Tom Sabóia, a banda carioca teve que encarar a hercúlea tarefa de selecionar 13 composições de mais de 100 acumuladas nos últimos cinco anos.

Após a seleção, o quarteto empreendeu uma busca quase incessante por timbres peculiares que se adequassem ao repertório.

Instrumentos tão distintos quanto vibrafones, piano acústico, caixas de papelão com pedras, enxadas, correntes, bacia e até um piano de criança foram usados
O 7 Vezes é uma evolução das pesquisas que fizemos com sons e instrumentos para a gravação do Acústico MTV", disse o baixista Lauro.

O baterista Lobato também cita o grupo mineiro Uakti e o músico alagoano Hermeto Pascoal como referências para as experimentações sonoras.

Tanta dedicação e experimentação gerou um disco meticuloso e nuançado, repleto de camadas e preenchido por um som orgânico: a banda evitou loops e truques de estúdios, com a intenção de captar o som de seus instrumentos da maneira mais fiel possível

"A sonorização desse disco é ímpar mesmo", disse o guitarrista Xandão.

Se tanto cuidado com a produção e a proposta de O Rappa faz 7 Vezes correr o risco de soar difícil aos ouvidos dos fãs, os membros estão prontos para defender o novo trabalho.

"Tem gente que está a fim de ouvir coisa diferente. Não só 'eu te amo porque eu te amo porque eu te amo'", ironiza o vocalista Falcão.

"O disco é pop, mas não é óbvio", defende Lobato.

Sem o guru Tom Capone

A semente da idéia de uma produção tão meticulosa foi plantada na mente da grupo carioca no primeiro contato que teve com o produtor e guru Tom Capone, responsável pela produção de O Silêncio que Precede o Esporro.

"O Tom (Capone) nos fez pensar nos detalhes das sonoridades", disse o baixista Lauro.

A morte de Capone - em 2004, por conta de um acidente de moto - também foi um dos motivos que fizeram que a feitura de 7 Vezes levasse tanto tempo.

Falcão teve que exorcisar os demônios da perda de Tom Capone para gravar o novo disco. "Tive que virar essa página e ver eu que não tinha mais que gravar no estúdio do Tom, a Toca do Bandido", disse Falcão.

Música de protesto

Questionado sobre as letras de O Rappa, que tendem a trazer à tona críticas sociais contundentes, o baterista Lobato preferiu se esquivar do rótulo de "banda de protesto".

"Nunca fomos uma banda de protesto. A música sempre esteve em primeiro lugar, ao invés do texto. Nossas letras funcionam mais como crônicas. Nunca tivemos uma postura de dizer o que é certo e o que é errado", defende o músico.

O vocalista Falcão enxerga de uma forma um pouco diferente: "a gente defende algumas coisas. Podemos não ser uma banda de protesto, mas a gente põe o dedo na ferida mesmo."

"Mas até hoje a gente deixa as pessoas decidirem qual é a bandeira que levantamos assim como qual o som que a gente faz", prosseguiu o vocalista.